Começava assim:
«Recostou-se na cama, aconchegou-se no quentinho, ajeitou as costas, respirou fundo e deixou-se ir no embalo mole do sono.» José Rodrigues dos Santos
Naquela noite deixei-me levar pelo som do mar. Pisei a areia sem me descalçar, sem prestar atenção ao que me rodeava.
Era uma da manhã e da praia vía-se as luzes, os barcos, a outra margem.
A outra margem, dizes tu.
Por momentos esqueci-me que estava acompanhada. Ficaste lá atrás com os copos na mão.
Sentei-me mesmo à beirinha da água. Vinhas lá de trás a barafustar comigo por estar tão perto da água fria.
És sempre a mesma coisa, repetias.
Eu suspirava e olhava para o mar.
Há noites em que não precisamos de mais ninguém.
Hoje era uma delas.
Descalçei-me e saí de perto dele.
Percorri a praia inteira com os pés molhados e o corpo a tremer de frio.
Lá ao fundo sentei-me novamente e esperei.
Esperei que amanhecesse.
Tinha o copo ainda na mão. Bebi de um só trago.
As luzes afastavam-se. O mar sussurava-me ao ouvido,
Deixei-me seduzir. Deixei-me levar pela maré.
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