Manifesto Anti (mas)

Eu sempre fui a moralista.
Sempre soube dizer o que era melhor, pior, assim-assim.
Opinei.
Suspirei.
Falei de boca cheia sobre histórias que não as minhas.
Vidas que não a minha.
Caralho.
Nunca pensei suspirar tanto.
Hei-de morrer a suspirar.
Unhas cravadas nas mãos.
Cicatrizes nos braços.
Mamilos furados.
Orelhas violadas.
A vontade de fazer amor no chão passou.
reticências
A vida é cheia de reticências.
Cheia de stops, pauses e plays.
Ando nos plays.
A ver se alguém me faz stop.
O sarcasmo é maravilhoso.
E monólogos?
Bem melhor que ter amigos imaginários aos cinco e sete anos.
Bem melhor que nada.
Seria necessário voltar a repicar esses discos para poder avaliar, bem... coisas que, talvez, nos esclarecessem e nos abrissem novos caminhos..
Sujeito-me a isto.
Ser sempre a segunda.
O que vale é que o hábito quando se instala...já nem o percebemos.
Claro.
«aqui é possível»
que se fodam as possibilidades, os «talvez», as probabilidades mal achadas.
As Histórias mal contadas.
Se tivessem saído da minha boca andaria tudo na filinha indiana.
Se os «se's» acabassem e as certezas permanecessem..andaríamos todos na merda.
Ninguém quer ter certezas de nada.
Para quê?
Para vivermos uma vida inteira a conformarmo-nos com a nossa escolha?
Ah.
suspiros
Nunca mais é Verão.
Quero andar de biquini.
Ter a pele vermelha;
suspiros de Verão.